Estudar e obter aprovação em concursos públicos em concursos
públicos. Ou isto ou aquilo. (primeira parte).
Por Airton Portela. Juiz Federal e Professor. ex-Advogado da União, ex-Procurador Federal, ex-Analista e ex-Advogado de Militância Privada.
Por Airton Portela. Juiz Federal e Professor. ex-Advogado da União, ex-Procurador Federal, ex-Analista e ex-Advogado de Militância Privada.
1. Primeiras noções.
As informações que compartilharei, por meio
do presente texto, decorrem da minha própria experiência como concursando e das
muitas conversas que mantive com vários candidatos campeões de aprovação em
concurso.
Iniciei meus estudos, hesitante, sem rumo.
Não sabia que direção seguir, que caminho tomar, por onde começar. Só tinha uma
única convicção: a aprovação em um concurso público seria minha tábua de
salvação.
Aprendi, à duras penas, que quem almeja a
segurança de um cargo público não deve pensar primeiro em sua vocação. Quem não
foi concebido em família rica, ou mesmo não suporta a ideia de sempre depender
financeiramente de alguém, deve antes pensar em posicionar no primeiro degrau
da “escada” profissional, e isso, não necessariamente significa que você
estará trabalhando que lhe dará plena satisfação.
É a etapa mais difícil, todavia, uma vez
conseguida a primeira vitória, o candidato estará animado e armado
psicologicamente para enfrentar, com êxito, outras batalhas.
Eu mesmo, que sonhava tornar-me um Juiz
Federal (cargo que de fato ocupo hoje), primeiro busquei a aprovação em exame
de ordem (trabalhei como Advogado privado por um breve período), depois ocupei
os cargos de Analista, Procurador Federal e Advogado da União (nesta ordem).
Embora não se possa discutir que para
obter aprovação em um concurso o candidato deva estar “focado”, isso não quer
significar que ele deva “bitolar-se” a um único cargo e sim que ele deve fazer
de seu projeto de aprovação a coisa mais importante de sua vida.
É
que em todo e qualquer concurso da área jurídica (mesmo para outros cargos) há
um núcleo comum de matérias que constarão de qualquer certame, conforme mais à
frente explico.
Todavia, não aconselho o candidato a
submeter-se a concursos em que outros candidatos, dada a sua formação
específica, têm muito mais chance. Assim, exceto se o bacharel em direito for também
contador, não o aconselho a submeter-se a concursos de auditor fiscal, por exemplo. É que
nesse caso o seu concorrente contador, economista ou administrador aprenderá facilmente as poucas
noções de direito que são cobradas em tais concursos, ao passo que você terá imensa dificuldade em dominar, competitivamente, os conteúdos que versam sobre matemática, economia e contabilidade. O bacharel em direito,
portanto, deve buscar concursos específicos na área jurídica.
2. As cinco palavras que deverão
nortear sua vida de concursando.
O candidato que logrou êxito em
concursos públicos, certamente e sem exceção, lançou mão de seis conceitos: sacrifício, método, disciplina, estratégia, compromisso
e perseverança.
Passemos, pois, a discorrer sobre cada um deles.
2.1. Sacrifício.
Aqui o termo é utilizado no sentido de
renunciar a algo que se possui, e que se pode usufruir, em troca de um bem maior.
O primeiro requisito me pareceu mais ao
meu alcance já que a necessidade era um bom móvel. Assim, desenvolvi a
convicção de que poderia abrir mão da diversão nos finais de semana, e que
neste tempo poderia estudar mais sossegado, já que afora os convites dos
amigos para futebol, praia ou “balada”, nada mais poderia me desconcentrar.
Aliás,
tenho visto um equívoco recorrente em muitos textos sobre concurso: o conselho de que o que o candidato deve
estudar muito, mas não deve abrir mão de se divertir, de praticar esportes, de
encontrar os amigos, de dormir muito bem.
Não
caia nessa armadilha. Obter aprovação em um concurso público requer levar a
sério a reflexão contida no poema de Cecília Meirelles: “ou isto ou aquilo.”
“Ou se calça a luva e não se põe o
anel,
ou se põe o anel e não se calça a
luva!
Ou isto ou aquilo: ou isto ou
aquilo
...e vivo escolhendo o dia
inteiro!
Não sei se brinco, não sei se
estudo,
se saio correndo ou fico
tranqüilo.
Mas
não consegui entender ainda
qual
é melhor: se é isto ou aquilo.
O candidato, claro, deve preservar sua saúde, mas,
diferentemente do “eu lírico” presente no poema, há que escolher o estudo como
“isto” e afastar o "aquilo", representado por tudo que lhe fará perder tempo e disposição, e não ter nenhuma dúvida de que isso é o melhor para o seu futuro.
Deve, pois, repetir como um mantra: o candidato, quando
está em processo de preparação, não tem direitos, só tem deveres.
Nessa ordem, deverá acordar cedo, olhar-se no espelho, e
perguntar-se: o que você fará por si hoje? Ao final do dia, deverá perguntar-se:
o que você fez por si hoje?
Se você adora uma cervejinha, poderá sim tomar uns goles, mas somente ao propósito de se “premiar” depois de uma semana de estudo muito produtiva. Contudo,
nesse caso beba pouco, pois quem bebe muito, perderá o dia em que bebeu e, possivelmente, o dia
seguinte (estará um caco) e, sabe-se, para o candidato todo dia é dia de estudo,
não importa se é segunda, sábado, domingo ou feriado.
Se gosta de manter o corpo “sarado” e não
pode abrir mão de “malhar”, você tem duas alternativas: ou faz como a humorista
cearense Rossicléia e, em lugar matricular-se em uma academia de ginástica, rezará para
Deus engordar suas amigas ou então acordará cedo (muito cedo) e malhará não mais
que uma hora por dia, para que assim não desperdice o pouco tempo de que dispõe para estudar.
De resto, em tempos de redes sociais,
convém que se abra o Facebook, confira mensagens e fotos no WhatsApp e
Instagran, mas somente no final do seu dia de estudos e apenas ao intuito de
relaxar por alguns minutos. A Internet, aliás, somente deve ser utilizada para
pesquisas e troca ideias em grupos em que seus integrantes tenham os mesmo
objetivos que você (ainda assim rapidamente).
Resume-se tal esforço em um sacrifício,
por um certo período, com repercussão positiva para o resto da vida.
2.2 Autodisciplina.
Sobre a disciplina ou autodisciplina,
tenho como absoluta a noção de que ninguém nasce disciplinado, mas pode
tornar-se disciplinado se quiser.
Bastará que se estabeleça uma rotina, estudando, todos os dias, ainda que pouco no início, na
mesma hora, no mesmo lugar, se possível na mesma mesa, na mesma cadeira, etc.
Continuará
na próxima postagem neste espaço do Acesso ao Direito.
Por Airton Portela, Professor, Juiz Federal, ex Analista, ex-Advogado da União e ex-Procurador Federal
2 comentários:
Bom Dia Airton Portela!
Gostei muito dos seu artigos. Já sou funcionário público. Atualmente faço direito e pretendo ser Juiz também. Aguardo o próximo artigo seu sobre como passar em concurso, principalmente para juiz. Obrigado. Haroldo Freitas.
Boa noite meu caro Haroldo,
Obrigado pela ilustre visita e pelos gentis elogios. Já estou trabalhando na próxima parte do artigo. Continue caminhando que você por certo realizará o seu projeto de tornar-se magistrado. O cargo de juiz está destinado a gente batalhadora como nós. Um forte abraço.
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